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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

O que é educação, afinal?



Educação é o ato de educar, o que não nos diz muito, mas sabemos que é  muito antigo. Sempre fomos educados por alguém e no sentido amplo, esta tarefa era responsabilidade dos pais, família, aldeia, tribo ou tutores. Ou seja, a educação começa em casa.



A educação formal, dita escolar, para aquisição de conhecimento é também um instituição antiga na História da Humanidade. Na Grécia, ela envolvia mente e corpo – mens sana in corpore sano – e já contava com diversas teorias. Desde Pitágoras a Aristóteles e tantos outros, a Grécia é o berço de nossa civilização não apenas por ter “inventado” a Filosofia, mas a educação formal com programa – aritmética, geometria, música, gramática, dialética, retórica, astronomia e, claro, a Filosofia.  Em Roma, apesar de se apoiar no modelo grego, havia algumas diferenças (com punições e castigos corporais). Entretanto, a base das disciplinas era exatamente as que compuseram o famoso elenco escolar da idade média e que estruturaram por séculos saberes, descobertas e invenções.
 Com o advento do Cristianismo, no ocidente, a educação passou a ser responsabilidade da igreja católica. Houve uma redução da oferta de ensino, restringindo aos clérigos e nobreza que permitia ou não que uma mulher estudasse. Os tutores geralmente eram padres. Com o Renascimento, surgiram escolas diversas, retomando o humanismo clássico. Reformas se seguiram e algumas mudanças sensíveis também. Mas, grosso modo, a base educacional ainda era a mesma, pois se considerava a base para desenvolver qualquer outra coisa. As artes liberais eram ensinadas pelos artífices, mestres-artesãos. E toda uma civilização foi desenvolvida e criada a partir de um ensino simples.
Mas foi com a revolução burguesa (francesa) que a escola para todos, de caráter público, (re)começou. E surgiram os professores profissionais, para ensinar os conteúdos que formavam a base do seu currículo. No começo ainda era simples o currículo e não passava de 7 matérias. Hoje chegamos a 10 ou 13, porém totalmente vazias de conteúdo se considerar um século atrás. O que meu avô e avó aprenderam em termos de língua, matemática, geografia e história não se cobre nem no ensino médio. A caligrafia deles era uma obra de arte.
Não pretendo fazer apologia do passado, ou desenvolver o tema saudosistamente. É um fato, constata-se que hoje, um aluno entra no ensino médio mal sabendo ler a própria língua muito menos outra ou outras. Não conseguem ler e interpretar livros de 40 ou 50 anos atrás. Consideram tudo difícil  e os professores, como mero burocratas a serviço do sistema em troca de um irrisório salário, compactuam com esse estado de coisas. É sabido que o número de analfabetos funcionais cresce e não diminui ainda que se construam escolas e mais escolas.
O sentido da palavra educar vem do latim ex-ducere – fazer desabrochar. Podemos comparar a ação de educar com a ação de cultivar. O indivíduo é uma semente e como tal, traz dentro de si todo potencial da árvore adulta, ou seja, do ser adulto consciente de si e do mundo. Entretanto, em raríssimos momentos  educadores cumpriram esse papel de cultivar o ser para que ele desabroche num ser adulto saudável. Trata-se de um processo trabalhoso e cuidadoso, pois não se pode colocar água, sol, vento e adubo em quantidades iguais nas plantas, pois uma difere da outra.
Ainda que possamos afirmar que o mundo hoje é o que é e tem o que tem devido a homens que foram criados nos mais diversos modelos, é fato, que em algum momento eles despertaram.
O Brasil já passou por diversas fases de educação e atualmente, temos mais teorias que práticas. A escola pública não é uma referência, infelizmente. O esvaziamento dos conteúdos escolares, da função do professor, a abolição da reprovação e de uma recuperação de conteúdos decente, o excesso de supervisores, pedagogos, gestores opinando sobre o ato docente, a burocracia hipócrita das estatísticas transformaram a educação num caos, e salve-se quem puder.
As consequências de todo esse processo  já estamos sentindo na sociedade, no comportamento dos adolescentes, nos adultos mal formados com relação ao saber local e  do mundo. Podemos ser uma potência, temos riqueza e tamanho, mas nossa população sofre de inanição no que tange a todo o processo educacional – formal e informal.
Ainda que a desculpa geral seja – é assim mesmo, são as novas gerações – podemos afirmar com certeza que não. Basta olharmos para a educação no mundo, hoje, em diversos países para perceber  o crescimento e a transformação conseguida a médio e longo prazo. Países menores e menos ricos que investiram em educação formal com rigor, hoje apresentam grandes possibilidades e no mínimo, uma sociedade participativa e atuante, no sentido da construção e manutenção do essencial histórico.


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