Educação é o ato de educar, o que não nos diz muito, mas
sabemos que é muito antigo. Sempre fomos
educados por alguém e no sentido amplo, esta tarefa era responsabilidade dos
pais, família, aldeia, tribo ou tutores. Ou seja, a educação começa em casa.
A educação formal, dita escolar, para aquisição de
conhecimento é também um instituição antiga na História da Humanidade. Na
Grécia, ela envolvia mente e corpo – mens
sana in corpore sano – e já
contava com diversas teorias. Desde Pitágoras a Aristóteles e tantos outros, a
Grécia é o berço de nossa civilização não apenas por ter “inventado” a
Filosofia, mas a educação formal com programa – aritmética, geometria, música, gramática,
dialética, retórica, astronomia e, claro, a Filosofia. Em Roma, apesar de se apoiar no modelo grego,
havia algumas diferenças (com punições e castigos corporais). Entretanto, a
base das disciplinas era exatamente as que compuseram o famoso elenco escolar da
idade média e que estruturaram por séculos saberes, descobertas e invenções.
Com o advento do
Cristianismo, no ocidente, a educação passou a ser responsabilidade da igreja
católica. Houve uma redução da oferta de ensino, restringindo aos clérigos e
nobreza que permitia ou não que uma mulher estudasse. Os tutores geralmente
eram padres. Com o Renascimento, surgiram escolas diversas, retomando o
humanismo clássico. Reformas se seguiram e algumas mudanças sensíveis também.
Mas, grosso modo, a base educacional ainda era a mesma, pois se considerava a
base para desenvolver qualquer outra coisa. As artes liberais eram ensinadas
pelos artífices, mestres-artesãos. E toda uma civilização foi desenvolvida e
criada a partir de um ensino simples.
Mas foi com a revolução burguesa (francesa) que a escola
para todos, de caráter público, (re)começou. E surgiram os professores
profissionais, para ensinar os conteúdos que formavam a base do seu currículo.
No começo ainda era simples o currículo e não passava de 7 matérias. Hoje
chegamos a 10 ou 13, porém totalmente vazias de conteúdo se considerar um
século atrás. O que meu avô e avó aprenderam em termos de língua, matemática,
geografia e história não se cobre nem no ensino médio. A caligrafia deles era
uma obra de arte.
Não pretendo fazer apologia do passado, ou desenvolver o
tema saudosistamente. É um fato, constata-se que hoje, um aluno entra no ensino
médio mal sabendo ler a própria língua muito menos outra ou outras. Não conseguem
ler e interpretar livros de 40 ou 50 anos atrás. Consideram tudo difícil e os professores, como mero burocratas a
serviço do sistema em troca de um irrisório salário, compactuam com esse estado
de coisas. É sabido que o número de analfabetos funcionais cresce e não diminui
ainda que se construam escolas e mais escolas.
O sentido da palavra educar vem do latim ex-ducere – fazer desabrochar. Podemos
comparar a ação de educar com a ação de cultivar. O indivíduo é uma semente e
como tal, traz dentro de si todo potencial da árvore adulta, ou seja, do ser
adulto consciente de si e do mundo. Entretanto, em raríssimos momentos educadores cumpriram esse papel de cultivar o
ser para que ele desabroche num ser adulto saudável. Trata-se de um processo
trabalhoso e cuidadoso, pois não se pode colocar água, sol, vento e adubo em
quantidades iguais nas plantas, pois uma difere da outra.
Ainda que possamos afirmar que o mundo hoje é o que é e tem
o que tem devido a homens que foram criados nos mais diversos modelos, é fato,
que em algum momento eles despertaram.
O Brasil já passou por diversas fases de educação e
atualmente, temos mais teorias que práticas. A escola pública não é uma
referência, infelizmente. O esvaziamento dos conteúdos escolares, da função do
professor, a abolição da reprovação e de uma recuperação de conteúdos decente,
o excesso de supervisores, pedagogos, gestores opinando sobre o ato docente, a
burocracia hipócrita das estatísticas transformaram a educação num caos, e
salve-se quem puder.
As consequências de todo esse processo já estamos sentindo na sociedade, no
comportamento dos adolescentes, nos adultos mal formados com relação ao saber local
e do mundo. Podemos ser uma potência,
temos riqueza e tamanho, mas nossa população sofre de inanição no que tange a
todo o processo educacional – formal e informal.
Ainda que a desculpa geral seja – é assim mesmo, são as
novas gerações – podemos afirmar com certeza que não. Basta olharmos para a
educação no mundo, hoje, em diversos países para perceber o crescimento e a transformação conseguida a
médio e longo prazo. Países menores e menos ricos que investiram em educação
formal com rigor, hoje apresentam grandes possibilidades e no mínimo, uma
sociedade participativa e atuante, no sentido da construção e manutenção do
essencial histórico.
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