Acho que nós ligamos muito para o resultado e esquecemos o
prazer do percurso. Qualquer coisa que temos a intenção de fazer, ficamos
concentrados mais nos resultados, no como vai ser, no se vão gostar, se vão
reconhecer, etc do que no prazer de fazer por fazer, porque se ama fazer
aquilo, porque se pensa e sente que aquilo é que faz com que você seja você e
não o outro... Estamos sofrendo de uma doença imposta e disseminada pelas
mídias, especialmente as micro mídias acessíveis a todos. Absorvemos uma
ideologia que paira no ar – todos têm que aparecer, estar conectado, escrever,
fazer vídeos... é uma febre que está levando o mundo ao constante estresse, uma
ansiedade crônica que nem toda a meditação aliviaria!
Eu sou do tipo que
acredita que no universo não há lixeira, que tudo tem o seu lugar e que não
adianta tentar jogar fora ou esquecer o que quer que seja, pois não será
possível. O Universo é histórico ainda que atemporal. Memórias pairam no espaço e tecem redes... Então: ainda tá
valendo ler um bom livro tanto quanto assistir um vídeo viral no youtube. Vale
ouvir música no iTunnes tanto quanto curtir o seu vinil. Andar a pé ou mesmo a
cavalo é tão bom quanto desfrutar de uma Ferrari. Tudo é possível e bom e tem o
seu momento! E desfrutar do mais é melhor que escolher o um só!
Já fui mais light na
minha escrita, hoje me sinto ácida querendo voltar ao doce (estou um docinho de
boldo, por enquanto!). Em resumo: escrever blogs é tão bom quanto ler longos e
intermináveis livros e assistir séries inteiras ou rever novelas e filmes que
valem a pena. O Youtube tem o seu espaço, mas, com certeza, não é o universal!
E falar também tem a sua arte e muitos não a têm - eu canso de muito trololó
que poderia ser resumido num minuto. As pessoas se perdem falando mais do que
escrevendo. Acho a escrita mais concisa, mais direta por incrível que pareça.Todo mundo quer ser (especialmente os jovens) um youtuber e ficou para trás querer ser um blogger, afinal, este sim não é para todos!
Não adianta querer reverter o mundo inteiro num grande écran
totalmente visual – somos diferentes e onde ficarão os cegos, os auditivos, os
sinestésicos? Quem traduz um livro em imagens, parabéns. Mas ele teve que ler
para poder criar sua historinha visual a respeito. Entretanto, como em toda a
adaptação, muita coisa ficou de fora e pode ser que seja tão importante ou
mais, depende de quem lê e de quem adapta.
Já vimos muitos filmes baseados em livros que não gostamos –
detalhes foram esquecidos...detalhes, às vezes, que não podemos colocar em
imagens – há pensamentos que não são traduzidos em olhares ou ações... há
descrições que não são traduzíveis em cenários. Logo, temos que aprender a
abarcar tudo, a desfrutar de tudo um pouco e não querer descartar, pois não
existe isso – a Natureza nunca descarta. Alguém sabe o lugar para onde vão as
coisas “mortas”? Não existe, tudo é e está em constante transformação e
transmutação, vai e volta e continua, é cíclico, é retorno...
Se eu quero dizer algo eu escrevo, eu desenho, eu falo, eu
gravo... eu enceno. Na verdade, não preciso escolher um só meio, posso abarcar
todos e ainda criar algum novo! Isso é expansão, isso é crescimento, isso é ser
novo milênio! Ademais, o prazer de fazer o que se ama estar fazendo vale mais
que tudo, e não é possível ter um resultado ruim quando se faz com paixão.