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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

POESIA HOJE!?

Há alguns meses li uma reportagem na Folha de São Paulo que remetia a outro jornal na Inglaterra que afirmava que a Poesia lida era melhor que leitura de um livro de autoajuda. Que a poesia consegue ir mais fundo na questão humana, que os poetas, em linguagem simples e curta, dá conta da essência da vida, com seus problemas e soluções possíveis. Que a poesia expressa uma linguagem única onde verdades cintilam e atingem o leitor,  e resolvem, sem ele perceber, suas dúvidas, suas questões, suas angústias... que a poesia era vital e que o mundo sem poesia se empobreceria irremediavelmente.
Li e concordei, li e concordo. É vital para o ser humano a Poesia. Mas o que acontece no mundo hoje em termos de Literatura? Só narrativas longas e de preferência de ação que abordem os problemas cotidianos ou que proponham outros hábitos, novos estranhos hábitos... narrativas longas e fantasiosas mais de entretenimento que arte ou conhecimento. Narrativas em milhões de tons de cinza que esvanece a verdadeira cor do ser!
Há poetas e há romancistas. Mas, infelizmente, há os escrevinhadores de textos que se rotulam de poetas ou romancistas, endossando a mafia do comércio livresco do país e do mundo, escrevendo o que é vendável, o que é consumível, digerível pela população. Nada muito ético, nada muito profundo, nada muito artístico. O trivial, leitura de aeroporto e rodoviária, transformada em best seller, literatura de passatempo no consultório do médico elevada a categoria de Literatura séria, sem ser, mas vendendo tanto quanto.
Qual o critério de distinguir uma literatura comercial da verdadeira literatura? A resposta é a que a verdadeira literatura dá ao ser... não se trata de contar uma história verídica ou ficcional, mas de através do texto tocar as humanidades existentes hoje. As histórias ditas baseadas em fatos reais encantam o público leitor, como se a Literatura tivesse que ter este compromisso e como se a falta deste compromisso comprometesse o tanto de realidade que se apresenta no texto, seja narrativo ou poético! Nem só de realismo vive o homem e a Arte. Ao contrário, sempre foi a Poesia com seu olhar oblíquo, com sua linguagem restrita e enxuta,  que deu conta de tudo que afligia o ser humano, desde suas lutas políticas a suas lutas existenciais, de suas lutas cotidianas a suas lutas amorosas...
Poesia é o Verbo feito Arte. É a linguagem clara e simples da Verdade do Ser. É o eco das humanidades feito texto. Poesia diária é essencial, extirparia doenças da alma e consequentemente as doenças do corpo. A Poesia lida com alma, porque feita de Alma, previne as doenças do espírito das quais nossa sociedade está cheia. “A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos de nossas lembranças”, explica o professor David, encarregado de apresentar o estudo.
Não foi há tanto tempo que alguns nobéis de Literatura foram poetas, tais como Yeats, Axel Karlfeldt, Gabirela Mistral, T.S. Elliot, Ramón Jimenez, Boris Pasternak, Salvatore Quasimodo, Saint John Perse, Pablo Neruda, Otávio Paz, Herta Muller entre tantos outros nomes ilustres. A poesia é uma linguagem universal e não apenas local. É uma linguagem sem tempo que transcende a época em que foi escrita e se atualiza a cada leitura contemporânea. Penso em Shakespeare, em Dante, em Boccage, em Camões, em Milton e mais ainda nos poetas gregos e romanos de antes de Cristo e nos textos poéticos contidos nos Vedas, na Bíblia, em especial o Cântico dos Cânticos e outras poesias que transcendem o universo da Religião e apontam verdade para um mundo sem fronteiras religiosas.
Enfim, a poesia é essencial. No início do século XX ela tornou-se forte com os movimentos de vanguarda e seus manifestos e veio forte até meados do século com suas revoluções linguística e estéticas, revelando as revoluções políticas históricas. Mas, o que aconteceu que pararam de ler poesia? Que armações do sistema foram feitas que pegaram todos os poetas desprevenidos e relegaram a poesia à literatura simplista e sentimentalóide de última categoria? Que mal faz a poesia ao Capitalismo selvagem, já que sabemos que muito mal faz aos regimes totalitários e exclusivistas?
Dizem que um livro de poesia não tem história, não tem ação. Isto porque não sabem ler poesia. A poesia contem todas as histórias e todas as ações estão inclusas nela no verbo feito substantivo, na substância mesma do ato poético. Portanto, começar o dia com uma poesia faz bem ao cérebro e a alma. Ler todos os dias e no fim de semana também grandes poetas, é melhor ainda. Fiquemos com a Poesia e livremo-nos dos remédios, das pílulas, dos livros de autoajuda e outras panaceias contemporâneas que em nada estão ajudando a Humanidade hoje. Fiquemos com a Poesia e nossas vidas serão mais belas, mais encantadoras, mais reais! Leiamos mais poesia e deixemos que as imagens nos levem para outros lugares ainda que apontem sempre paras o nosso mundo real. Fiquemos com a poesia, cantada ou não, nas boas músicas populares. Sem medo de ser feliz e poético. A vida é poesia porque misteriosa e transcendente, poesia é vida porque é lírica e épica, porque é coração e corpo, sentimento e ação. Poesia é a linguagem do ser humano... afinal, qualquer um conta uma história, mas poucos sabem escrever Poesia!