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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

FIM DO LIVRO E DA LEITURA?



     Desde o início da chamada era digital, vem-se comentando, especulando, prevendo, induzindo o fim do objeto livro. Uma das maiores invenções da Humanidade, o livro vem se desenvolvendo há séculos e podemos dizer, ainda não terminou, não esgotou todas as possibilidades e surgiu a versão digital para competir com ele. Entretanto, apesar dos maus agouros, acredito na permanência do livro por muito tempo. Grandes autores, professores, filósofos e pensadores corroboram esta ideia, vide o livro de Umberto Eco sobre a questão – O Fim do livro (2010). Temos que repensá-lo, que refazê-lo, mas ainda é um dos melhores objetos para leitura e desenvolvimento do conhecimento humano.
    O computador como veículo seja em que formato for, ainda é muito incomodo para leitura. Em termos de pesquisa e comparações fica inviável. Apesar do grande número de possibilidades em conteúdo, a maioria é repetitiva e grande parte não confiável ou parcial. Não consigo ver outra forma mais confortável e dinâmica de pesquisar sobre um assunto que vou escrever que ter uma mesa cheia de livros abertos, poder virar páginas, marcar as páginas ou partes do texto a citar, colocar pesos de papel, canetas ou lápis entre elas... enfim, interagir com os livros a fim de concluir alguma coisa, de produzir outro texto, outro livro, acrescentar mais um ponto no Universo do conhecimento.
    Muitos reclamam do custo do livro, das consequências para publicação dos mesmo, mas não se pensa no quanto se ganhou e se ganha com sua publicação. Não falo apenas economicamente, mas social e espiritualmente. Não são os livros os maiores responsáveis pelo desmatamento. Não são os livros os responsáveis pelo aquecimento global, pela poluição do ar e das águas, pela fome e miséria devido a má distribuição da renda do mundo, pelas doenças terminais, pelas guerras. Ao contrário, acredito que se a Humanidade tivesse consumido mais livros, conhecesse mais sobre o mundo em que vivemos e nós mesmos, muitos problemas seriam resolvidos ou até mesmo deixariam de existir.
    O objeto livro permite, além da viagem da leitura, a liberdade de escolha para sua fruição – pode-se ler onde quiser, como quiser, em qualquer lugar independente de energia elétrica ou conexões. O lançamento do Kindle da Amazon é até interessante, mas não permite uma série de movimentos típicos de um leitor atento e interessado. É cansativo, apesar de ser menos que a tela de um monitor ou notebook. Mesmo no tablet, cansa-se mais que a leitura feita no papel. Deixo esta indicação para que os médicos e pesquisadores examinem a questão isentos de propinas. Os outros que vieram em seguida, são inferiores. Os e-books são caros para o que são e cansam da mesma forma, além de muitos estarem incompletos, não sei porquê. Tem ainda o caso dos livros editados antes desta febre.
    Quanto aos livros infantis, estes não serão substituídos tão cedo. Ao contrário; o nível de desenvolvimento gráfico dos livros infantis tem crescido tanto que hoje só não começa cedo a leitura quem realmente os pais não querem ou não deixam. Os livros têm até cheiro... só falta sabor. Podem dormir neles, tomar banho com eles, comer com eles, fazer tudo que um amante da leitura sempre quis fazer com seus livros de papel. São interativos, respondem perguntas, desafiam o leitor além de contar a história. E as ilustrações? Este é um mundo à parte que convive com o universo do texto escrito que também tem sofrido alguns embates e preconceitos. Mas nada como um livro bem ilustrado. Um ilustrador alemão, que não me recordo o nome agora, depois de diversos livros ilustrados à mão, fez sua incursão na ilustração digital. Sua experiência e vivência foram relatados na última feira de livro infanto juvenil de Frankfurt: ele detestou a experiência, como usuário e como fruidor. O resultado final ficou “clean” como dizem, “perfeito”, bem realista, mas perdeu em conteúdo humano... não respira, diz ele.
    O computador com suas variantes, os programas e softwares foram desenvolvidos como ferramenta, não como um fim em si mesmo. Eles ajudam a realizar determinadas tarefas muito bem e melhor, mas aquilo que é da esfera do humano, do lado transcendente, impalpável, sentimental do ser humano, somente o homem pode fazer e realizar colocando sua alma no que faz. É como dizer que o chat substitui o bom bate-papo! As ilustrações vibram, conduzem os olhos, a alma do leitor, traçam caminhos onde quem lê, viaja. Acrescentam aos textos imagens suprimidas, implícitas, deduzidas.
    Os números e a estatística indicam a questão do livro de forma positiva. Cresceram o número de editoras, no Brasil e no mundo. Cresceram o número de publicações. Aumentou o número de Livrarias, feiras e eventos de livros. Aumentou a oferta de livros abrangendo uma gama maior de empresas que não são livrarias. E, apesar do brasileiro continuar a ler muito pouco (1 livro por ano!), o número de leitores estrangeiros aumentou consideravelmente.
    Logo, podemos concluir que o mercado do livro, seja para o editor, o distribuidor, o livreiro, o autor, o ilustrador e os empresários ligados a área, está em crescente ascensão. Ainda não chegamos ao ponto ideal no Brasil – estimular mais a leitura, a compra do livro, o ato de fazer uma pequena biblioteca particular de gosto próprio... tudo isso precisa passar pela Educação. Principalmente, o ato de pesquisar que, há algumas décadas era baixo e hoje, apesar de ter crescido com o incremento das Universidades, é de baixa qualidade, precisa ser ensinado e cultivado desde o ensino fundamental, com ênfase nos cursos superiores. Precisamos formar uma nação de consumidores de livros, pois dentro deles está toda a cultura e respostas possíveis às questões milenares e atuais do ser humano.