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 Como os pássaros, eu também migro. Estou migrando minha atividade artístico-literária e filosófica para o site: www.crisdanois.com Dê uma p...

domingo, 25 de novembro de 2012

Literatura hoje


 

Quem escreve História hoje? Jornalistas... Quem escreve contos ou romances hoje? Jornalistas... Quem escreve autoajuda? Jornalistas... ou curiosos e charlatões que copiam livros dos outros...Quem escreve poesia hoje? Quase ninguém, um monte de pessoas mal resolvidas, PMDs, pessoas bipolares e... alguns jornalistas ou personalidades da mídia, até jogadores de futebol!Nada contra os bons jornalistas que fazem o seu trabalho que é dar notícia, comentar fatos diários; profissional do cotidiano! Pessoas que não leem, não leram e nem lerão nunca poesias ou os grandes poetas não são,lido pela maioria das pessoas que compram livros ou que dizem escrever livros! Para falar só de Poesia,  esses maus escritores escrevem um livro que é lançado e veiculado pela mídia, aparece em todos os programas que não são sobre literatura, dão entrevistas e nunca mais escrevem poesia, como se o ser poeta fosse um indivíduo de um livro só que num determinado momento tem que “botar pra fora o que lhe faz mal e sufoca” e depois, aliviado, nada mais tem que escrever ou a dizer!
A quantidade de péssima literatura no mercado é assombrosa a ponto de não se conseguir distinguir se algo de bom tem no meio de tudo isso. E gráficas, editoras de fundo de quintal aparecem aos montes, lançando os não lançáveis, os escritores de fim de semana, os escritores eventuais, os inspirados de um dia, os vaidosos que não podem guardar seus arroubos para si mesmos e seus amigos e insistem em publicar, pagando pela publicação e outras coisas mais... tudo em nome do capital e da vaidade alheia. As pequenas e péssimas editoras lucram, o freguês satisfaz sua vaidade e seus amigos comemoram, achando que são próximos de alguém famosos também... tudo vaidade!




Sem querer plagiar o tão conhecido profeta Ezequiel, e sem ser evangélica ou coisa do gênero, como escritora só posso concordar com a tese principal dele – tudo é vaidade sob o nosso velho e amigo sol!
Os professores de literatura também acham que podem escrever poesia de tanto lidarem com o material poético. Mas, a verdade, é que se tornam plagiadores e tentam se igualar aos grandes poetas que eles fingem conhecer a fundo, e escrevem plágios da mais péssima qualidade, arremedos de poesia ou literatura, ao invés de aprofundarem seus estudos e tentarem convencer a esta massa ignara o valor e o sentido da boa literatura. Maus professores que se lançam no mercado, um pouco melhores que os últimos citados , mas são igualmente mal formados e mal informados. Nada tem a dizer, além do que já foi dito e bem dito.
Há 3 tipos de escritores segundo um grande filósofo: os que escrevem sem pensar, a partir de livros alheios; os que pensam enquanto escrevem a fim de escrever algo melhor e que se preste a um público. E há, enfim, os que escrevem simplesmente porque pensaram, porque dedicam-se ao ofício de pensar e escrever, transformando a realidade e tudo que veem a sua volta em Literatura. São os escritores do OLHAR, os que verdadeiramente observam e absorvem a realidade e a devolvem poeticamente transformada a fim de ampliar as significações do cotidiano. Esses são raros, são os verdadeiros filósofos, verdadeiros poetas, verdadeiros romancistas...


Além  de responder às perguntas que se fazem, respondem as perguntas e aos anseios de um público silencioso que nem se manifesta por tão inconsciente que é da sua própria realidade. Esses encantam e não se esgotam numa primeira leitura. Não podem ser reduzidos a meia dúzia de linhas ou de rótulo, são inacessíveis às teses e seus escritos não se esgotam depois de várias leituras.
Perdi as contas das vezes que li Impressões de Crepúsculo, Hora Absurda  de Fernando Pessoa. Não me lembro quantas vezes li os sonetos de Camões, de Petrarca de Danunzio ou mesmo de Neruda. Quantas vezes vi o sol nascer com um livro de poemas de Lorca em minhas mãos. E os aforismos e poemas de Nietzsche, sem contar as vezes que li a Fenomenologia do Espírito. É como se a cada leitura o texto se renovasse e não fosse o mesmo, embora jṕa conhecido o texto e o enredo. Quantas novas significações aparecem a cada leitura... quantas nuances saem das dobras, quantas luzes aparecem das frestas das sombras. E mais que deleite, é mergulho, mergulho no ser do outro e em si mesmo para colher as pérolas da significação de cada um destes textos maravilhosos e de si mesmo.
Na Literatura séria, que é feita porque é literatura, cultura e não mera diversão, passatempo, não há espaço para simples histórias, simples informação. A Literatura é Arte, arte pura da melhor qualidade e difícil... muito difícil porque trabalha com o que trabalhamos e vivemos diariamente – pensamentos, sentimentos e palavras! Mas esta Arte, quando bem cultivada responde ao Espírito de quem lê, permitindo o vir a ser do homem, permitindo o seu desenvolvimento, o seu desabrochar.  É aí que surgem as obras eternas e os imortais, sem forja, extraídos das entranhas do ser humano.
 
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sábado, 24 de novembro de 2012

ESCRITORES OU ESCREVINHADORES?

O ofício do escritor é muito difícil e distinto do que hoje se apresenta pelas livrarias e net, nos blogs e redes sociais. Hoje, qualquer um (acha que) pode escrever ou (pensa que) sabe escrever. Hoje? Há um século atrás, Schopenhauer já tinha observado isto e comentado em seu livro sobre o ofício do escritor. “Ha dois tipos de escritor”, diz ele, “os que escrevem por amor ao assunto e os que escrevem por escrever.”
 
  Uns escrevem porque sabem que têm algo a dizer e passar para seus leitores; os segundos escrevem por vaidade e/ou dinheiro, por isso lhes faltam razão e precisão no que escrevem, além de estilo. A maioria, naquele tempo mencionado pelo filósofo, e sobretudo hoje, escreve para se exibir, para aparecer com um valor que não cultivou e não possui e tentam tirar disso algum valor pessoal ou monetário. Alguns lançam mão de artimanhas para se tornarem virais e explodirem da noite para o dia como um gênio na internet, e serem comprados e vendidos como um best seller. Ficam à espera das grandes corporações editoriais que fabricam escritores e livros sensacionais de uma hora para outra, em troca de milhões de dólares!Só quem é movido pelo amor à Literatura ou ao assunto que domina é que pode realmente tocar o leitor, marcá-lo definitivamente. De resto, não passam de opiniões e comentários tão comuns e solicitados nos sites sociais da net.
Mas os meios de comunicação de massa adoram vender essa falsa literatura, descartável, literatura de aeroporto, de leitura fácil e de sensações imediatistas, como boa literatura. Assim, o gosto e a crítica do leitor vai se deformando aos poucos até se apagarem por completo. Tudo vira um fenômeno de manipulação de massa. Essas grades corporações de editoras determinam até mesmo qual o assunto do ano a ser vendido e veiculado como se fosse uma expressão do escritor e um anseio do leitor. Com pouca concorrência, lançam no mercado e vendem não só os best seller mas os similares até esgotar o assunto e o gosto do consumidor, ou a paciência do leitor.

 
 A exemplo disso tivemos livros baseados em seriados televisivos de terror e suspense, serial-killkers, a grande saga de vampiros para todos os gostos, espíritos malignos , íncubos e súcubos de todos os tipos como a série Crepúsculo e Diários de um Vampiro que além de estourarem nas livrarias estouram nas bilheterias, porque tudo hoje tem derivações comerciais diversas. Agora mesmo, o assunto do dia, é a sexualidade feminina que está em alta com fantasias do tipo sadomasoquista com tons de cinza escuro, claro e que já produzem seus tentáculos com tons de prazer , luxuria entre outros. Tudo planejado num gabinete, ou seja, pior que no século de Schopenhauer. Pensado e articulado por grandes nomes da publicidade e do marketing que nada tem a ver com Literatura ou Arte. Puro comércio, pura merchandising... E os meios de manipulação acompanham o ritmo e ajudam a vender esta má literatura, induzem, seduzem, incutem a necessidade falsa no leitor-consumidor, dirigindo-o no sentido do interesse capitalista.
 
 Não existe mais a figura do escritor amador da Literatura, da Arte da palavra, cultivando o texto, multiplicando os significados nos inúmeros significantes, criando abismos vertiginosos de significação que preenchem o ser do leitor mais desavisado. Escritores que não se preocupam apenas com a informação ou a mensagem mas em como ela vai chegar até o leitor. Estes sim, os verdadeiros escritores de livros e livros e não escritores de um livro só ou de um só dia.
É ainda Schopenhauer que no diz neste seu livro que “honra y provecho no caben nun saco” (honra e dinheiro não cabem no mesmo saco). E é o escritor da arte de ter razão sem ter razão, livro que faz crítica também ao ato de escrever principalmente filosofia ou sistemas filosóficos, que nos diz apropriadamente - “a consequência secundária disso é a deterioração da língua” a que eu acrescentaria – a deterioração do gosto, do imaginário, da sensibilidade e da verdadeira cultura.
 

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terça-feira, 20 de novembro de 2012

CONSCIÊNCIA OU CULPA?

 
A Culpa é a principal forma de manipulação que as pessoas usam para induzir nas outras, particularmente em membros da sua família e em outras que lhes estão mais próximas. Normalmente há apenas dois motivos para que alguém queira que se sinta culpado: ou para controlá-lo ou magoá-lo e obviamente que nenhum deles é digno de consideração. Nem tal comportamento pode expressar qualquer forma de amor mesmo que tenha as melhores das intenções.
Pense em alguns dos lugares comuns usados nas relações familiares para dar origem ao processo de culpa: “Como me podes tratar assim?” “Foi por tua culpa que fiquei aborrecido e não dormi bem!” “Você pensa diferente de mim, por isso não confio em você, você me faz mal!”e etc.Se, por acaso, alguém está sendo alvo deste tipo de processo, e se sente culpado, ele simplesmente está aceitando que alguém tenha poder sobre ele, quando ninguém tem poder sobre ninguém, desde que este alguém concorde e permita.

Há várias espécies de culpa, por exemplo:

  1. A Culpa comum – como por exemplo a provocada por não passar tempo suficiente com os filhos ou não telefonar para os seus pais, tanto quanto eles acham que deveria, etc
  2. A Culpa duradoura – como por exemplo a culpa por abandonar o seu ex-companheiro(a) ou por se sentir responsável pela felicidade e o bem estar das pessoas próximas de você, etc;
  3. A Culpa social – como o não pagamento das suas contribuições sociais, não participar em atos eleitorais ou outro qualquer dever de cidadania sobretudo quando acha que é sua responsabilidade fazê-lo.
  4. Culpa ideológica – a que foi introduzida há séculos, pelas diversas religiões, em especial as que têm origem na doutrina judaica-cristã – o pecado de Adão e Eva, por exemplo,etc
No entanto, saiba que todo o processo de culpa se baseia num alerta que a nossa alma induz na nossa psique, sobretudo ao comparar o Amor que sente com os padrões sociais, crenças e mitos que tem impregnado no seu ego, gerando uma emoção de grande desconforto que normalmente desencadeia um processo de auto-julgamento.
Ao fazê-lo saiba que está a desperdiçar energia vital que o impedirá voltar à sua essência e resolver de vez o que o está a perturbar. O padrão normal é repetir o comportamento que induz a culpa e julgar-se, martirizar-se. Disso deriva todas as doenças e mal-estares do século.
Assim sendo, a culpa snão serve para nada, a não ser diminuir e humilhar os seres humanos. A consciência do erro que não traz o sentimento de culpa, serve sim para se doar a si próprio o tempo suficiente para equilibrar a emoção com o comportamento correto e posteriormente voltar a se sentir bem consigo mesmo.
Se mesmo assim achar que deve fazer algo mais sobre essa emoção, que no fundo é a mais inútil das emoções, então faça. Se não, arquive-a, rotulando-a de “experiência” ou até mesmo “aprendizagem”… e siga com a sua vida, livremente. A Culpa, em verdade, embota a pessoa, sua consciência e seu desenvolvimento, seu crescimento espiritual. Nem serve para corrigirmos o nosso caminho, devido a carga negativa que contém. Os sentimentos de culpa afundam-nos e aprisionam-nos ao dever e às obrigações que normalmente os outros julgam poder impor-nos.
Somente a observação objetiva do ato pode levar à correção exata, onde ambos os lados ganham – o que se acha ofendido e o que se crê ofensor. A medida está em ti. Dentro de você mesmo existe a resposta e a razão.
A culpa impede que aja lugar para o Amor. O Amor é benevolente, ampara, acolhe, abraça como o colo de um pai, de uma mãe. Ele não julga, mas orienta. Ele não pune, mas provoca o olhar consciente. De forma que a culpa é o grande vilão de nossas consciências. Tem impedido há milênios o desenvolvimento da humanidade, encerrando-nos num circulo vicioso de guerras, discriminações, separações e mortes.


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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

ANARQUISMO OU SOCIALISMO?


O Anarquismo através dos anarquistas!

“Diz-se, amiúde, que os anarquistas vivem em um mundo de sonhos de futuro, e não veem as coisas do presente. Vemo-las em demasia sob as suas verdadeiras cores, e é isso que nos faz brandir o machado nesta floresta de preconceitos autoritários que nos obcecam. Longe de viver em um mundo de visões, e de imaginar os homens melhores do que são, vemo-los tais como eles são, e é por isso que afirmamos que o melhor dos homens torna-se essencialmente mau pelo exercício da autoridade, e que a teoria da "ponderação dos poderes" e do "controle das autoridades" é uma fórmula hipócrita, fabricada pelos detentores do poder para fazer "o povo soberano" - que eles desprezam - crer que é ele quem governa.”

Piotr Kropotkin

“Na realidade, o governo assume a tarefa de proteger, mais ou menos, a vida dos cidadãos contra os ataques diretos e brutais. Ele reconhece e legaliza um certo número de direitos e deveres primordiais e de usos e costumes, sem os quais é impossível viver em sociedade; organiza e dirige alguns serviços públicos como os correios, as estradas, a higiene pública, o tratamento de águas, a proteção das florestas etc; abre orfanatos e hospitais e compraz-se em mostrar-se, na aparência, e isto é compreensível, protetor e benfeitor dos pobres e dos fracos. Mas basta observar como e por que ele realiza estas funções, para se ter a prova experimental, prática, de que tudo que o governo faz é sempre inspirado de dominação, e ordenado para defender, aumentar e perpetuar seus próprios privilégios e aqueles da classe da qual é o representante e o defensor.”

Errico Malatesta

“O sufrágio universal é a exibição ao mesmo tempo mais ampla e refinada do charlatanismo político do Estado; um instrumento perigoso, sem dúvida, e que exige uma grande habilidade da parte de quem o utiliza, mas que, se souber servir-se dele, é o meio mais seguro de fazer com que as massas cooperem na edificação de sua própria prisão.”

Mikhail Bakunine

“A verdadeira escola para o povo e para todos os homens feitos é a vida. A única autoridade onipotente, simultaneamente natural e racional, a única que poderemos respeitar, será aquela do espírito coletivo e público de uma sociedade fundada no respeito mútuo de todos os seus membros. Sim, eis uma autoridade que não é de forma alguma divina, inteiramente humana, mas diante da qual nós nos inclinaremos de coração, certos de que, longe de subjulgar os homens, ela os emancipará. Ela será mil vezes mais poderosa, estejais certos, do que todas as vossas autoridades divinas, teológicas, metafísicas, políticas e jurídicas, instituídas pela Igreja e pelo Estado; mais poderosa que vossos códigos criminais, vossos carcereiros e carrascos.”

Mikhail Bakunine

“Todas estas divisões de partidos entre as quais a nossa imaginação cava abismos, todas estas divergências de opinião que nos parecem insolúveis, todos estes antagonismos de sorte que nos parecem sem remédio, encontrariam de repente sua equação definitiva na teoria do governo federativo.”

Pierre-Joseph Proudhon

“Desejamos abolir de forma radical a dominação e a exploração do homem pelo homem. Queremos que os homens, unidos fraternalmente por uma solidariedade consciente, cooperem de modo voluntário com o bem-estar de todos. Queremos que a sociedade seja constituída com o objetivo de fornecer a todos os meios de alcançar igual bem-estar possível, moral e material. Desejamos para todos pão, liberdade, amor e saber.”


Errico Malatesta

“Nós vemos no Estado uma instituição desenvolvida através da história das sociedades humanas para impedir a união direta entre os homens, para entravar o desenvolvimento da iniciativa local e individual, para aniquilar as liberdades que existiam, para impedir a sua nova eclosão e submeter as massas aos interesses, egoísmos e ambições das minorias ociosas e autoritárias. E sabemos muito bem que uma instituição que tenha um passado de milhares e milhares de anos não pode desempenhar uma função diferente daquela para que foi criada, nem diferente daquela em que se desenvolveu no decurso da história.”

Piotr Kropotkin

"Quem diz estado, diz necessariamente dominação e, em conseqüência, escravidão; Um Estado sem escravidão declarada ou disfarçada, é inconcebível; eis por que somos inimigos do Estado... Assim sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas compor-se-á de operários. Sim com certeza de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não o mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana. "

Mikhail Bakunine

“Demonstramos que, enquanto houver dois ou vários graus de instrução para as diferentes camadas da sociedade, haverá necessariamente classes, quer dizer, privilégios econômicos e políticos para um pequeno número de afortunados, e a escravidão e a miséria para a maioria. Como membros da Associação Internacional de Trabalhadores, queremos a igualdade, e porque a queremos devemos querer também a instrução integral, igual para todos.”

Mikhail Bakunine

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terça-feira, 6 de novembro de 2012

FELICIDADE


A felicidade é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude são transformados em emoções ou sentimentos que vai desde o contentamento até a alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem, ainda, o significado de bem-estar espiritual ou paz interior. Existem diferentes abordagens ao estudo da felicidade - pela filosofia, pelas religiões ou pela psicologia. O homem sempre procurou a felicidade. Filósofos e religiosos sempre se dedicaram a definir sua natureza e que tipo de comportamento ou estilo de vida levaria à felicidade plena. Mas, com certeza nada tem a ver com hedonismo ou culto ao prazer dos sentidos.
A felicidade é o que os antigos gregos chamavam de eudaimonia, um termo ainda usado em ética. Para as emoções associadas à felicidade, os filósofos preferem utilizar a palavra prazer. É difícil definir, rigorosamente, a felicidade e sua medida. Investigadores em psicologia desenvolveram diferentes métodos e instrumentos, a exemplo do Questionário da Felicidade de Oxford, para medir o nível de felicidade de um indivíduo. Esses métodos levam em conta fatores físicos e psicológicos, tais como envolvimento religioso ou político, estado civil, paternidade, idade, renda etc.

Evolução histórica das reflexões sobre a felicidade

Zoroastro, místico que teria vivido por volta do século VII a.C. na região dos atuais Irã e Afeganistão, criou uma doutrina religiosa, o zoroastrismo, que se baseava numa luta permanente entre o bem e o mal. O bem incluiria tudo o que fosse agradável ao homem: beleza, justiça, saúde, felicidade etc.. No final dos tempos, haveria a vitória definitiva do bem. A missão dos homens seria a de procurar apressar essa vitória final, através de uma conduta individual correta.
Aproximadamente na mesma época, na China, dois filósofos apontaram dois caminhos para se atingir a felicidade: Lao Tsé defendeu que a felicidade podia ser atingida tendo, como modelo de nossas ações, a natureza. Já Confúcio enfatizou o disciplinamento das relações sociais como elemento fundamental para se atingir a felicidade.
A felicidade é um tema central do budismo, doutrina religiosa criada na Índia por Sidarta Gautama por volta do século VI a.C. Para o budismo, a felicidade é a liberação do sofrimento, liberação esta obtida através do Nobre Caminho Óctuplo. Segundo o ensinamento budista, a suprema felicidade só é obtida pela superação do desejo em todas as suas formas. Um dos grandes mestres contemporâneos do budismo, o dalai lama Tenzin Gyatso, diz que a felicidade é uma questão primordialmente mental, no sentido de ser necessário, primeiramente, se identificar os fatores que causam a nossa infelicidade e os fatores que causam a nossa felicidade. Uma vez identificados esses fatores, bastaria extinguir os primeiros e estimular os segundos, para se atingir a felicidade.O dalai lama defende a autorreflexão como caminho para se atingir a felicidade
Mahavira, um filósofo indiano contemporâneo de Sidarta Gautama, enfatizou a importância da não violência como meio de se atingir a felicidade plena. Sua doutrina perdurou sob o nome de jainismo.
Para o filósofo grego Aristóteles, que viveu no século IV a.C., a felicidade estaria no equilíbrio, na harmonia. Isto incluía ter consciência do que mantém o indivíduo em equilíbrio. Epicuro, filósofo grego que viveu nos séculos IV e III a.C., defendia que a melhor maneira de alcançar a felicidade é através da satisfação dos desejos de uma forma equilibrada, que não perturbe a tranquilidade do indivíduo.  Pirro de Élis, também filósofo grego contemporâneo de Epicuro, também advogava que a felicidade residia na tranquilidade, porém divergia quanto à forma de se alcançar a tranquilidade. Segundo Pirro, a tranquilidade viria do reconhecimento da impossibilidade de se fazer um julgamento válido sobre a realidade do mundo. Tal reconhecimento livraria a mente das inquietações e geraria tranquilidade. Este tipo de pensamente é, historicamente, relacionado à escola filosófica do ceticismo.
Outra escola filosófica grega da época, o estoicismo, também defendia a tranquilidade (ataraxia) como o meio de se alcançar a felicidade. Segundo essa escola, a tranquilidade poderia ser atingida através do autocontrole e da aceitação do destino.
Jesus Cristo defendeu o amor como o elemento fundamental para se atingir a harmonia em todos os níveis, inclusive no nível da felicidade individual. Sua doutrina ficou conhecida como cristianismo e é uma das maiores divulgadoras da felicidade como um estado interior de alma.
Maomé, no século VII, na Península Arábica, enfatizou a caridade e a esperança numa vida após a morte como elementos fundamentais para uma felicidade duradoura, eterna.
O cristianismo, após a morte de Jesus, aprimorou-se institucionalmente e dividiu-se em vários ramos. Um deles, o catolicismo, produziu muitos filósofos famosos, como Tomás de Aquino, que, no século XIII, descreveu a felicidade como sendo a visão beatífica, a visão da essência de Deus.
O filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau defendeu que o ser humano era, originalmente, feliz, mas que o advento da civilização havia destruído esse estado original de harmonia. Para se recuperar a felicidade original, a educação do ser humano deveria objetivar o retorno deste à sua simplicidade original.
Na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, os filósofos Jeremy Bentham e John Stuart Mill criaram o utilitarismo, doutrina que dizia que a felicidade era o que movia os seres humanos. Segundo o utilitarismo, os governos nacionais têm, como função básica, maximizar a felicidade coletiva. É exatamente aí que entra o conflito gerador da infelicidade. Se não se obtém as coisas materiais “úteis” à sua felicidade, o indivíduo torna-se incompleto e infeliz, como se algo estivesse faltando em sua constituição, o que não é propriamente uma verdade, mas uma impressão.
O positivismo do filósofo francês Auguste Comte (1798-1857) enfatizou a ciência e a razão como elementos que deveriam nortear o ser humano na busca da felicidade. Esta felicidade seria baseada no altruísmo e na solidariedade entre todo o gênero humano, formando a chamada "religião da humanidade". O filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) defendeu o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes, como elemento fundamental para se atingir a felicidade humana.
O psiquiatra Sigmund Freud (1856-1939), o criador da psicanálise, defendia que todo ser humano é movido pela busca da felicidade, através do que ele denominou princípio do prazer. Porém essa busca seria fadada ao fracasso, devido à impossibilidade de o mundo real satisfazer a todos os nossos desejos. A isto, deu o nome de "princípio da realidade". Segundo Freud, o máximo a que poderíamos aspirar seria uma felicidade parcial. A psicologia positiva - que dá maior ênfase ao estudo da sanidade mental e não às patologias - relaciona a felicidade com emoções e atividades positivas.
A economia do bem-estar defende que o nível público de felicidade deve ser usado como suplemento dos indicadores econômicos mais tradicionais, como o produto interno bruto, a inflação etc.
Estudos científicos recentes têm procurado achar padrões de comportamento e pensamento nas pessoas que se consideram felizes. Alguns padrões encontrados são:
  • capacidade de adaptação a novas situações
  • buscar objetivos de acordo com suas características pessoais
  • riqueza em relacionamentos humanos
  • possuir uma forte identidade étnica
  • ausência de problemas
  • ser competente naquilo que se faz
  • enfrentar problemas com a ajuda de outras pessoas
  • receber apoio de pais, parentes e amigos
  • ser agradável e gentil no relacionamento com outras pessoas
  • não superdimensionar suas falhas e defeitos
  • gostar daquilo que se possui
  • ser autoconfiante
  • pertencer a um grupo
  • independência pessoal