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sábado, 24 de novembro de 2012

ESCRITORES OU ESCREVINHADORES?

O ofício do escritor é muito difícil e distinto do que hoje se apresenta pelas livrarias e net, nos blogs e redes sociais. Hoje, qualquer um (acha que) pode escrever ou (pensa que) sabe escrever. Hoje? Há um século atrás, Schopenhauer já tinha observado isto e comentado em seu livro sobre o ofício do escritor. “Ha dois tipos de escritor”, diz ele, “os que escrevem por amor ao assunto e os que escrevem por escrever.”
 
  Uns escrevem porque sabem que têm algo a dizer e passar para seus leitores; os segundos escrevem por vaidade e/ou dinheiro, por isso lhes faltam razão e precisão no que escrevem, além de estilo. A maioria, naquele tempo mencionado pelo filósofo, e sobretudo hoje, escreve para se exibir, para aparecer com um valor que não cultivou e não possui e tentam tirar disso algum valor pessoal ou monetário. Alguns lançam mão de artimanhas para se tornarem virais e explodirem da noite para o dia como um gênio na internet, e serem comprados e vendidos como um best seller. Ficam à espera das grandes corporações editoriais que fabricam escritores e livros sensacionais de uma hora para outra, em troca de milhões de dólares!Só quem é movido pelo amor à Literatura ou ao assunto que domina é que pode realmente tocar o leitor, marcá-lo definitivamente. De resto, não passam de opiniões e comentários tão comuns e solicitados nos sites sociais da net.
Mas os meios de comunicação de massa adoram vender essa falsa literatura, descartável, literatura de aeroporto, de leitura fácil e de sensações imediatistas, como boa literatura. Assim, o gosto e a crítica do leitor vai se deformando aos poucos até se apagarem por completo. Tudo vira um fenômeno de manipulação de massa. Essas grades corporações de editoras determinam até mesmo qual o assunto do ano a ser vendido e veiculado como se fosse uma expressão do escritor e um anseio do leitor. Com pouca concorrência, lançam no mercado e vendem não só os best seller mas os similares até esgotar o assunto e o gosto do consumidor, ou a paciência do leitor.

 
 A exemplo disso tivemos livros baseados em seriados televisivos de terror e suspense, serial-killkers, a grande saga de vampiros para todos os gostos, espíritos malignos , íncubos e súcubos de todos os tipos como a série Crepúsculo e Diários de um Vampiro que além de estourarem nas livrarias estouram nas bilheterias, porque tudo hoje tem derivações comerciais diversas. Agora mesmo, o assunto do dia, é a sexualidade feminina que está em alta com fantasias do tipo sadomasoquista com tons de cinza escuro, claro e que já produzem seus tentáculos com tons de prazer , luxuria entre outros. Tudo planejado num gabinete, ou seja, pior que no século de Schopenhauer. Pensado e articulado por grandes nomes da publicidade e do marketing que nada tem a ver com Literatura ou Arte. Puro comércio, pura merchandising... E os meios de manipulação acompanham o ritmo e ajudam a vender esta má literatura, induzem, seduzem, incutem a necessidade falsa no leitor-consumidor, dirigindo-o no sentido do interesse capitalista.
 
 Não existe mais a figura do escritor amador da Literatura, da Arte da palavra, cultivando o texto, multiplicando os significados nos inúmeros significantes, criando abismos vertiginosos de significação que preenchem o ser do leitor mais desavisado. Escritores que não se preocupam apenas com a informação ou a mensagem mas em como ela vai chegar até o leitor. Estes sim, os verdadeiros escritores de livros e livros e não escritores de um livro só ou de um só dia.
É ainda Schopenhauer que no diz neste seu livro que “honra y provecho no caben nun saco” (honra e dinheiro não cabem no mesmo saco). E é o escritor da arte de ter razão sem ter razão, livro que faz crítica também ao ato de escrever principalmente filosofia ou sistemas filosóficos, que nos diz apropriadamente - “a consequência secundária disso é a deterioração da língua” a que eu acrescentaria – a deterioração do gosto, do imaginário, da sensibilidade e da verdadeira cultura.
 

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