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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Mercedes Sosa

Esta segunda feira, dia 9 de outubro ficou mais triste que todas as segundas feiras, que todos os dias do ano, porque perdemos uma grande cantora, uma grande mulher, uma grande guerreira. Nossa irmã em sangue latino, Mercedes Sosa calou-se para sempre... fica então, uma homenagem - a ela, ao seu canto, a sua vida, a sua partida...

Hoje,
minha poesia não será nada
meus versos não dirão nada
estou muda
em silêncio porque calou-se mais uma voz
uma cigarra mais que formiga
cessou de cantar
permanecerá apenas o eco do seu canto
seu rastro na areia do mar...


Não,
não é só a Argentina que vai chorar por ti, Mercedes
não é só a tua pequena Tucumã que vai chorar.
Chora, hoje, toda a América latina,
chora todo o mundo hispânico
por onde passaste e por onde não passaste também
porque o teu canto espalhou-se, Mercedes
por toda esta terra foste
levando teu canto negro
levando teu canto vermelho
levando teu canto multicor a toda la gente
o canto do teu coração
amante do canto do outro
porque cantaste todos os poetas amigos e latinos
da tua pátria americana!

Ahora, que todas as vozes se unam
para cantar o teu silêncio
junto com o vento do norte
e também com o vento do sul
porque longe lançaste as semillas
que foram iluminadas pelo sol e pela lua
e floresceram nos peitos a fora...

Ay, lunita Tucumana
que viste nascer a maior das sementes
em tuas terras gaúchas
por entre neblinas e esperanças
a banhaste, a ela, a menina índia
a Grande guerreira do canto
ave migratória desta América Latina
que fez do seu canto a voz de todos cantos...
Ay, lunita Tucumana
Sai agora e vem alumbrarme
Que estoy perdida sem o canto
Sem o canto de nuestra compañera!

Ay, duerme negrita, duerme
Que ficamos nós neste campo arando
E que tu te envolvas em Azul
enquanto ficamos nós envolvidos neste verde
quase negro, talvez
escutando o som do teu tamborcito cachalquí
e aceitando a vida
que tudo cambia, tudo...


Hoje,
podes ir visitar tuas amigas
Alfonsína, Violeta e outras
podes encontrar teus amigos
Pablo, Lorca, Quiroga e tantos outros
da voz espanhola
e também de recantos portugueses
porque, ay, negrita
cantaste a todos nós
latinos americanos, brasileños, espanhóis ou portugueses
Ay, como sentimos a tua partida
E a saudade que nos deixa
Já será temprana
Será ahora
que já sentimos a tua falta
e já escutamos neste silêncio
o teu silêncio
o eco dos teus passos
o eco da tua voz quente e envolvente
da tua voz firme
de mama, de abuela, de nodriza, de cantora
tua voz de cigarra
a voz feminina
voz negra e vermelha como a Terra em que pisaste
que com a alma cheia de versos rendeste
gracias a la vida

E gracias a la vida dou
por haver me dado tanto,
por haver me dado o teu canto
e o teu sorriso
porque eu me embalei nele
porque em me consolei com ele
porque eu combati com ele
porque eu cresci com ele
e fiz do teu canto o meu próprio canto.

Sempre te recordaremos, Mercedes
Junto a tu paisaje azul
Sombra que não esqueceremos
tua imagem grande
Vestida de trigo queimado y olhos de luz
La noche veio te embalar
com azul en los ojos
Cheio de rocio e de lágrimas das estrelas
Foste com o vento
E tu voz quedo comigo, quedo conosco
Luna, areia, terra, rio e ar,
Valle azul de zamba
Dulce region de nuestra soledad...

Ay, Mercedes,
Ay, minha negrita
Que me dói na alma a tua distancia,
Que me dói na alma o teu silêncio
Porque teu canto é como o mar
Salgado e constante
Matriz, imenso e acolhedor
Ainda que sempre temido!
Ay, estou envolta neste Azul
Que me envolve nesta despedida
Que ficou em nossas vozes
Preso em nossas gargantas
Como um malo duende
Mojándonos a todos
Nos deixando como niños órfãos...

Ay, Mercedes, vai envolta em cantos
Em luzes multicores
E em Azul, também....




sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Libertas quae sera tamen

Como conceber a criatividade humana, a diversidade, ou pensar a Ética num mundo determinista, fundamentalista, estreito? Impossível.

A transformação que se observa no ideal de Democracia, herdado dos gregos da era clássica, deve-se ao incremento da ideologia determinista existente e subjacente nos sistemas fundamentalistas, seja religioso ou político. Exatamente por isso, torna-se difícil a convivência normal e pacífica com a diversidade, com a pluralidade. Impõe-se de forma global o sistema único de ser, radicalizando e reduzindo ao mesmo tempo, toda manifestação do pensamento e do sentimento humanos.

Da estética mais elaborada ao simples cotidiano, nota-se um reducionismo avassalador. Até a moda transforma-se numa espécie de ditadura dentro da sociedade que só permite a diversidade se ela for da hierarquia estratificada. Hoje, se percebe mais do que em outros tempos, o que estamos tentando demonstrar. O controle não está tão evidente e a censura se mascara e sobrevive nos meandros e nas frestas dos interstícios sociais. Da expressão artística à manifestação política, ninguém pode pensar ou fazer de forma contrária ao que está estabelecido de cima para baixo, pelo sistema de controle da sociedade, do tipo: ‘se você não está a meu favor, está contra mim’, ‘se você não aprova o meu combate ao terrorismo, a minha ofensiva bélica, é porque não só está contra mim, mas está mancomunado com eles’ e assim por diante.

Mas o senso comum é capaz de afirmar que nunca houve tanta diversidade e liberdade, só pelo fato de se produzir industrialmente toda a pseudo-cultura que hoje se consome. Entretanto, referimo-nos à expressão cultural mais autêntica, para falar apenas de flores: a cultura popular e a cultura chamada erudita. Tanto uma como a outra estão ameaçadas de extinção, porque apresentam maior diversidade, além de ter como base a verdadeira criatividade, no sentido mais pleno do termo. A cultura que é produzida e divulgada hoje é a cultura de massa. A que usa elementos de uma e de outra cultura, isto quando usa, e transforma tudo em qualquer coisa que não se reconhece nem mesmo a origem, que dirá estilo pessoal ou de época. Como um pastiche, um besteirol, uma chanchada. A cultura popular, ao contrário, fala de uma região, de um grupo, de um povo com suas tradições, raízes, costumes e hábitos. A cultura erudita bebe na cultura popular e acrescenta o pensar a respeito desse fazer, sua visão da estética, da poética, aprofunda os meios da linguagem específica de que se utiliza e transforma, como pegar a farinha e ir além do pão, apresentando O Pão!

A cultura de massa, ao contrário, tem só a forma e o pão é feito a partir de uma mistura que ninguém sabe ao certo quem criou, nem o que tem dentro. É feita para unificar os gostos, os sabores, os sentimentos, as emoções até mesmo os pensamentos. Bem, a cultura de massa deixa transparecer somente a intenção, não a artística, mas a mercantilista dos donos dos meios de (re)produção, distribuição e comercialização. Com a cultura de massa, a criatividade está sob controle e não ameaça o sistema com sua instabilidade natural, que provém dos processos de criação.

Assim como a Estética é profundamente abalada, o imaginário das pessoas, do povo em geral, é mais que abalado, é controlado, modificado, induzido, substituído, descaradamente manipulado pelos meios de comunicação de massa. A ética também sofre o mesmo processo: é substituída por um conjunto de regras que se impõem de cima para baixo, sejam elas moralistas, comerciais, de trabalho, empresariais ou outras. Logo, a Democracia, este ideal não só de um sistema de governo, mas de um modo de vida em sociedade, vem sofrendo este abalo e vem se contaminando com o mal do determinismo fundamentalista que se espalha no mundo, coibindo ações e manifestações diversas que vão desde o sistema educacional ao simples exercício da cidadania. Explicamos:

Numa sociedade democrática, ou pelo menos a que levanta a bandeira da Democracia, não pode obrigar o cidadão a votar, sendo o voto um direito e não um dever. As antigas leis do Contrato Social, idealizadas por homens que diziam amar a liberdade, a igualdade e a fraternidade foi um grande passo no sentido de acabar com a “ditadura” monárquica para colocar a liberdade democrática. Basta ver a carnificina que se seguiu, não só matando os antigos donos do poder, mas os que ajudaram a pensar e a fazer a dita revolução para a liberdade, para percebermos que nada pode ser imposto nem cerceado ou delimitado. Estamos nos referindo aqui a Robespierre e sua mão de ferro que condenou não apenas os reis e nobres, mas Danton e todos os outros idealizadores iluministas e iluminados da época. De lá para cá a coisa só piorou no sentido da perda, porque o ideal se coloca de um lado e a prática do outro, e esta última é que fica e que faz valer a ação.

Além da questão do voto, segue-se o serviço militar que na nossa sociedade ainda é obrigatório, o que também deveria ser direito e incentivado o seu exercício, mas não imposto. Agora também é a vez da escolaridade formal, que também se tornou obrigatória, mas de um modelo só. Que todo indivíduo tenha direito a educação escolar é um lema democrático, mas que se possa escolher como se dará esta educação é um direito garantido em Constituição, hoje violado pela política e ideologia populista. Qualquer reflexão racional e histórica daria conta dessa impropriedade. A obrigatoriedade escolar não tem a intenção de deixar todos esclarecidos, alfabetizados ou conscientizados e sim de formatar as cabeças e as expressões para se garantir a manutenção do poder que idealizou tamanho absurdo, tamanho paradoxo na formação cultural de um país inteiro. O estado deve garantir o acesso a todos à escolaridade e não controlar ou cercear este acesso.

Em verdade, é o poder político e econômico que mais uma vez se impõe aos cidadãos livres e desavisados da nossa sociedade. Pergunta-se: como um cidadão é livre? Como e onde ele pode exercer a sua liberdade? Há os que dirão: você pode falar, escrever, use a Internet, faça um blog, e daí ladeira abaixo, como se todos pudessem ter acesso as mais altas tecnologias. Referimo-nos a Liberdade plena de pensamento e expressão, de imaginação e sentimentos, de criação e manifestação, da pluralidade, da diversidade. Falar por falar, escrever por escrever não acrescente nem muda nada. Quanto filme é produzido que não chega ao Brasil, só porque não passa pelo crivo do censor que determina o que deve ou não ser assistido, isto é, consumido pela nossa massa.. A desculpa de que não interessa o que se passa na Europa ou em outros continentes é furada, já que a maior parte dos filmes veiculados nas salas de cinema e pelos DVDs são americanos, com a velha recita – sexo, violência e besteirol. E o que temos nós a ver com esta sociedade tão diversa, tão esquisita, tão estranha à nossa?

Voltando a questão da liberdade e da Democracia e o controle disso tudo - carteiras de identidade e outros documentos substituídos por uma carteira única que conterá todos os dados do cidadão, tudo organizadamente computadorizado, como se esta tecnologia fosse, além de infalível, digna da total confiança de todos. Se perder o documento, perdeu tudo. E o acesso às informações individuais ficam facilitadas! Há sempre duas faces na mesma moeda e o que parece facilitar pode complicar; o que tem o lema de simples e democrático, pode esconder o complexo sistema de controle em massa.

O que mais se vê é a unificação de tudo para uma simplificação. Não seria este o grande paradoxo da nossa civilização? Uma sociedade mais que complexa, querendo funcionar e existir com sistemas únicos de tudo? Para um único controle? Não seria este o fim programado para este mundo? Onde existe apenas UM não há liberdade, não há diversidade, não será preciso Democracia – basta a Ditadura do UM. Nem mesmo a noção de liberdade existiria, já que para ter esta noção é preciso conhecer o seu contrário – a não liberdade. O contrário do um é o dois, da tese, a antítese. A síntese não é a unificação, nem mesmo a supressão de uma das partes. Não há simplificação possível neste processo e sim superação, ou melhor, um processo que leva a suprassumir, que carrega o um e o dois para afirmar o três, que novamente se coloca como um. Foi assim que nasceram todas as civilizações e as sociedades. Não vamos agora matar tudo levando o diverso, o plural a um único singular, ao um e este igualado a zero. Afirmemos a liberdade não tardiamente, mas agora - Libertas ab ovo et semper

Relacionamentos líquidos I


Pensando em relacionamentos e matérias líquidas, o curioso hoje em dia, é que com tanta informação, com as palavras e a razão transbordando por todos os meios e lados, ninguém ensine às crianças, ou melhor, aos jovens, adolescentes ou não, a verdadeiramente viver, a sentir, a amar, a apreciar, a contemplar... Nem mesmo a pensar. Entretanto, ensina-se tudo que não precisa, que já é natural em qualquer ser vivente. E de todos os instintos hoje tão propalados e ensinados, o top da lista é o sexo. De todas as formas: dos livros ao cinema, dos folhetins ao teatro, das revistas à Internet, nas escolas, nas Igrejas, nas ONGs, nas associações comunitárias... enfim, não há um só lugar hoje que não leve o cidadão jovem a pensar, a ver, a saber, a experimentar o sexo. E não só fala-se muito, com a desculpa de estar conscientizando dos riscos e conseqüências naturais de uma prática mais antiga que os dinossauros, como se estimula a sua prática constante, assídua, cedo, e também tarde agora, com o sexo da terceira idade, etc Parece que o indivíduo não sabe o desejo que tem e precisa de que um ‘esclarecido’ venha dizer que a causa de tudo que ele sofre é porque não faz mais sexo, ou de que nunca fez direito, ou de que faz pouco, o porque faz rápido, mecanicamente, sem graça e por aí vai.

Segundo os entendidos e especialistas, deve-se fazer sexo todos os dias: de noite, de tarde, de manhã, com o café, em casa, no motel, no trabalho, depois do trabalho, com o chefe, com a secretária, com a colega de repartição, com o colega do curso, com a faxineira, com o policial, com o marginal, com o computador, por telefone, via Internet, sozinho, com aparelhos, com o cachorro, com o vizinho, com homem, com a mulher, a três, a quatro, grupal, ufa!, a lista é quase infinita! Enfim, FAÇA SEXO! É o lema da sociedade capitalista de hoje, seja ela de primeiro, segundo, terceiro ou quarto mundo, mas também da comunista, de uma forma mais reservada, e nas fundamentalistas, de uma forma mais reservada ainda.

Com toda esta propaganda, com essa disseminação pior que o vírus da Aids, reclama-se da gravidez precoce, da pedofilia, da prostituição nas diversas idades e dos diversos gêneros, das perversões que não param de se multiplicar assim como as doenças venéreas, isto para não mencionar as mães solteiras, os conflitos, as revoltas e a violência crescente, além dos abandonos e das mortes por estrupo ou qualquer outra inconseqüência dessas.

Nos idos anos 60 e 70, com a ideologia ‘faça amor não faça a guerra’, pensou-se talvez que o problema do mundo fosse a repressão. Até mesmo um grande psicólogo social – Wilhelm Reich acreditou que a violência nas sociedades, tinha como causa a repressão social, o tabu em torno do sexo. Bem, se ele estivesse vivo hoje, acreditamos que ele reformulasse sua teoria, visto a sociedade mais liberal do planeta, a americana, apresenta o maior índice de violência e psicopatia mortal, além de se constituir como uma sociedade eminentemente bélica. E esta grande e rica sociedade tem sido o nosso modelo nacional em quase tudo, não apenas nisso, é lógico!

E este tão banal instinto é mais falado que qualquer paixão, que qualquer hobby, que qualquer descoberta científica ou dúvida filosófica. Se um jovem quiser dedicar-se ao estudo, à investigação científica ou filosófica, à arte musical ou outra, com o mesmo empenho com que se propaga a prática do ato sexual, surgirão especialistas e educadores, pais e professores para dizer que ele não pode, que não deve, que o indivíduo é obsessivo, que vai ficar maluco de tanto estudar ou perguntar, que está fugindo do mundo real (os aficionados em vídeo-games, PC games e outros congêneres, não, estes estão a salvo!) e virão psicólogos, terapeutas, padres, pastores, gurus para analisar o caso, definir e aconselhar que o ‘coitado’ (que aliás não é coitado no sentido pleno do termo)deve largar esta vida de estudos e paixões artísticas, e cair no vácuo da vida, da existência, dos relacionamentos casuais, interessados ou usuais, do culto ao corpo, em todos os sentidos – do possivelmente saudável ao mais doentio, ou seja, das academias de ginásticas às clínicas de cirurgias plástica – e outros conselhos mais. E quando ele fizer esta escolha e começar a praticar sexo como um maratonista ou como quem come um hambúrguer, ele será aceito socialmente, participará de grupos, gangues, tribos, facções, blogues e congêneres desta imensa aldeia global, onde todos vivem, ou melhor, sobrevivem a comer, a dormir e a ‘relacionar-se’ sexualmente, porque o resto? Bem, o resto - o saber, o sentir, o produzir, o pensar, o amar, o criar - é para poucos ou para os “sexoréxicos”.

Afinal, o projeto (não profecia) há algum tempo anunciado, não só para toda a Terra, mas para toda Humanidade nela existente foi, não só a sua fragmentação, denunciada no início do século XX por artistas e pensadores diversos, mas o seu esfacelamento, a sua extinção total através da exacerbação da alienação.

Palavras iniciais

Este blog destina-se a publicar crônicas no sentido mais amplo da palavra e partes dos ensaios críticos da escritora e poeta Cristina Danois. Dona de uma vasta obra poética e de ficção, em parte publicada, ela possui textos filosóficos, de crítica literária, além de reflexões sobre a cultura, a sociedade, o meio-ambiente e as tecnologias. Fundadora do Centro de Cultura Dinâmica, ela dá conferências e palestras sobre Literatura, Educação, Filosofia e outras áreas do conhecimento humano. PhD em Letras e Filosofia, ela possui cursos de especialização e pós-graduações em outras áreas do conhecimento, a fim de pensar a cultura humana atual em todos os níveis a partir do conceito clássico de Humanismo e da Ética hegeliana.
Seu tom de escrever é sempre crítico, mas muito bem humorado; às vezes, sarcástico e muito irônico. Ela acredita na liberdade de expressão, garantida pela Arte e pela Democracia e na crítica como exercício da faculdade humana de pensar e de analisar tudo antes de mudar, de agir em prol do indivíduo e da sociedade, juntos - "duvido, questiono, analiso, penso. Logo, existo." (C.D.) Repudia toda censura e todo controle do pensamento e da expressão humanos, seja qual for, e afirma que uma sociedade democrática só pode crescer verdadeiramente com o exercício da convivência do contrário, do questionamento, do diverso e diferente.