Quando pensávamos que nada mais poderia ser pior na educação
brasileira, eis que surge o novo projeto deste governo – a proposta da Base
Nacional Comum Curricular (BNC). A especialista em política educacional Paula
Louzano diz que a proposta feita pelo governo não estabelece objetivos claros
para o aprendizado e vai formar alunos menos preparados que antes e menos
preparados que os de outros países.
Um currículo como este leva tempo para ser elaborado e em
países de 1º mundo como Austrália, Finlândia, EUA, Canadá entre outros desenvolveram
para língua nativa/materna e matemática e levaram no mínimo 2 anos em
discussões. O Brasil sai na frente fazendo para todas as matérias, em tempo
recorde – meses! Ora, só pode resultar
no que está lá em Brasília. Num emaranhado que nem leigos nem especialistas
conseguem decifrar.

Para que o aprendizado realmente ocorra, os objetivos têm
que estar claros para professores, diretores, alunos e pais. Todo ensino é um
processo. As informações viram conhecimento à medida que se aprofundam os
conceitos – do concreto para o abstrato. Vejamos um exemplo em matemática: o
conceito de frações começa mostrando que o inteiro pode ser dividido em partes.
Depois vem a representação disso em forma de fração. Em seguida, deduzem-se as
porcentagens até chegar a cálculos de juros. Se todas as etapas são cumpridas,
o aluno, ao ingressar o ensino médio, terá a capacidade de aprender estatística
básica, resolver problemas que envolvam juros simples, compostos e etc.

Quanto ao sistema de avaliação, nossas escolas foram
obrigadas a adotar um sistema ideológico que é contra o sucesso que eles chamam
de meritocracia. Segundo esse sistema aquele que se dedica e constrói seu saber
não deve se sobressair, não deve aparecer como tal. (Será que eles propõem o
contrário?) Em nenhum sistema
educacional que pesquisei a nota vale tão pouco. Nós temos 3 letras – S, P, I.
Acontece que esse S, que diz satisfatório, inclui no mesmo saco alunos 10 e
alunos 6! Um aluno que tirou 10 completou todas as etapas e adquiriu todo
conhecimento proposto. O aluno 6 fez isso parcialmente e não satisfatoriamente.
Eu pergunto: quem está satisfeito? O professor,
o aluno, os pais? O P que vai de 5,9 a 3,0, pretende defender que um
aluno que tirou 3,0 em qualquer disciplina alcançou um conhecimento parcial! O
I, sem comentários. Ora, isso é uma enganação que não permite a ascensão real
dos alunos – nem para continuidade de estudos nem na vida e ainda desestimula. Concursos
públicos são avaliados em pontos em não em letras e o que manda é a
meritocracia. Mas, qual o problema com o mérito? Estão conotando essa palavra
erradamente. Mérito é merecimento, valor, aptidão. Se o aluno estuda, se dedica
e pesquisa mais que natural que tenha notas altas e que galgue lugares melhores
na sociedade.

Enquanto professora atuante eu sempre desafiei meus alunos a estudarem para conseguir as melhores vagas nas faculdades estaduais ou federais. A turma que se dedicava, passava. Para mim ficou mais que provado que é uma questão de conteúdo, informação, exercícios e dedicação, é claro. Havia um grupo de amostragem, os que não se engajavam na proposta e a diferença era gritante! O que adianta dar uma cota para um aluno mal preparado? O vestibular de qualquer universidade federal é e sempre será democrático. Corrigi muita prova de vestibular UFRJ/UERJ e em nenhuma delas havia retrato do aluno, nem mesmo nome. Apenas corrigíamos conteúdo, expressão, organização do pensamento. Portanto, é totalmente imparcial.
Se não devemos premiar o bom, o melhor, devíamos dar o exemplo começando por acabar com as Copas do Mundo, as Olimpíadas, os Concursos de Beleza, as medalhas nos esportes em geral. Realmente, o populismo é a pior forma de governo existente, a mais hipócrita, a mais manipuladora, a mais mentirosa que uma sociedade já produziu.
O que esse governo propõem é uma indigência, uma insensatez, uma enganação cultuando o hábito de burlar e dar um jeitinho, passando por cima do conceito da verdadeira democracia. A questão não é distribuir cotas, mas dar as condições de concorrer. A questão não é dar esmola em bolsas, mas melhorar a qualidade do empregado e de suas chances de ascensão social pelo trabalho, pelo mérito!
Mais uma vez um show de análise. Infelizmente esse país esta virando um país de indigentes mentais e ao invés de combatermos essa loucura nossos governantes estão se aprofundando cada vez mais nessa lama de ignorância. Pátria educadora é aquela que a educação de ricos e pobres e igual em qualidade e quantidade. Só o verdadeiro saber é que nos dá poder e talvez isso seja o grande receio de toda a sociedade...
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