É comum o questionamento a respeito da nossa língua
materna. A maioria dos países
colonizados na idade moderna tem a mesma questão. Foram os românticos que
começaram com esse questionamento buscando uma expressão autóctone. Hoje, americanos,
canadenses, latinos de língua espanhola e nós nos questionamos a respeito do
nosso idioma. Alguns países da África e da Ásia também se voltam para esta
pergunta fundamental que se relaciona com a identidade.
Se refletirmos que o ato de descobrir, conquistar, dominar e
colonizar é tão velho quanto o mundo, mesma as chamadas línguas mãe da Europa
ou do Oriente padecem com os mesmos questionamentos. O ato de dominar um país
ou nação sempre foi acompanhado da afirmação e imposição do idioma do
conquistador. Logo a língua é um objeto político de sujeição, afirmação, dominação
como também de expressão, libertação, revelação. Dos romanos aos ingleses, dos
árabes aos portugueses, dos persas aos espanhóis, todos impuseram sua língua e
cultura no ato da conquista e da dominação. É o que chamam de colonização!

Em toda região do globo há um mito explicativo a respeito da
diversidade linguística. Aí está todo o
objeto da linguística histórica – afinal, tivemos mesmo um único idioma em
tempos imemoriais?
Podemos afirmar que há duas correntes que se antagonizam no
que tange às soluções. A corrente da unidade e a corrente da diversidade. A
primeira visa unir todas as diferenças e escolher um ponto comum – standart –
para que haja uma comunicação clara, uniforme e fluida entre os falantes em
qualquer ponto da nação. É a corrente que defende a importância da
gramaticalidade, da norma culta, do léxico apurado e da pronúncia correta. A
segunda prima pela diversidade sem se preocupar com um horizonte de comunicação
única. Valoriza as formas de expressão diferenciadas, os sotaques, os dialetos
a fim de manter a variedade e os elementos históricos do(s) idioma(s). Visa
também a manutenção do entendimento de documentos ou monumentos antigos para
uma melhor reconstrução do passado de uma coletividade.
As duas correntes têm suas razões e seus argumentos bem
fundamentados. Mas isso não justifica o que vemos acontecer hoje em dia nas
salas de aula com o nosso idioma (que muitos oscilam em defini-lo como língua
portuguesa ou língua brasileira). Toda língua tem seu uso formal e informal de
acordo com a situação, ambiente e propósito. Em todas encontramos jargões,
gírias, expressões específicas e falares de acordo com a classe social. A
internet não é a origem desse fenômeno, apenas evidenciou e generalizou o fato.
Mensagens rápidas economizam espaço e tempo; é comum que se abrevie e se
economize na “fala”. Porém, falar errado
não tem nada a ver com o escrever no messenger, facebook ou whatsap numa forma
contrata e descontraída.
Entretanto, esse fato – o abreviar as palavras, o escrever
como se fala, as gírias – nunca impediu de se respeitar, conhecer e cultivar a
norma culta para melhor transitar nas situações em que ela é essencial – fórum,
faculdade, mercado de trabalho, etc. Para isso o ensino da língua materna é
fundamental em qualquer parte do mundo. A escola é um espaço democrático que
recebe todas as formas de expressão, mas visa transformar essa forma, burilar e
aperfeiçoa para crescimento do indivíduo cidadão, visando seu crescimento
pessoal e social.

E os alunos são
apoiados a afirmar sua inocente ignorância pelas falsas mídias que preferem uma
juventude inerte e obsoleta que não consiga ler o próprio passado nem refletir
o seu presente que uma juventude pensante, conhecedora e atuante que consiga
construir um futuro melhor.
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