Ética a Nicômaco de
Aristóteles
Obra com 10 livros.
Ética para Aristóteles são as concepções morais nas quais o ser
humano tem fé. O objetivo final do homem é o bem que é definido
como felicidade que difere da realização de prazeres e afirma a
realização última de satisfações espirituais hedonistas.
Para Aristóteles,
a felicidade provém da ética, coletiva da política, a partir
do culto das virtudes no homem, virtudes éticas, pois segundo o
grego, existem virtudes dianoéticas que decorrem da inteligência e
podem ser desenvolvidas por um ensinamento. Isto consta do primeiro livro. As virtudes
éticas são as que nascem do hábito.
No segundo livro,
ele tematiza a virtude como uma qualidade potencial, ela só se
realiza quando se age com justeza, é preciso ser educado e a virtude
é definida como qualidade que se adquire voluntariamente, porém é
necessário ser justo, comedido e razoável. Para Aristóteles, a
virtude não é nem um dom nem uma paixão, é apenas um ato perfeito
que se opõe ao mal.
No livro III, o
autor estuda o aspecto voluntário e involuntário da ação. Uma
ação deliberada tem origem no desejo do sujeito. Este desejo não
necessita ser emocional e pode ser racional podendo provir de uma
escolha ou mesmo de uma intenção de ação. Assim, o autor
considera que o homem (sujeito) é totalmente responsável por seus
vícios ou suas virtudes.
No livro IV, o filósofo expõe e descreve certas virtudes éticas que é
necessário possuir, tais como a temperança, o pudor, a
magnanimidade e a franqueza. Continuando, no livro V, ele trata da
justiça não só como virtude, mas apresenta os diversos tipos de
justiça bem como suas relações.
No livro VI, estão
descritas as virtudes dianoéticas, sendo cinco no total, segundo
Aristóteles: ciência ou episteme que demonstra os fatos e conduz o
homem ao verdadeiro conhecimento das coisas e do mundo (universal), a
arte ou técnica que visa a produção ou criação de objetos
sensíveis ao homem: a prudência que se baseia no bom senso e na
razão para encaminhar as atitudes do homem na direção do bem; a
inteligência (nous) como arcabouço de conhecimentos e ideias
geratrizes; e a sabedoria (ou sofia) que reúne a ciência e a
inteligência, necessária para as ações mais elevadas, para as
reflexões e análises que norteiam o melhoramento do ser.
No livro VII,
Aristóteles condena os homens que utilizam o saber, a ciência ou
mesmo a razão para objetivos nefastos. Estes homens não só
prejudicam os outros, o mundo ao seu redor, mas termina por arruinar
a si mesmo. Segundo Sócrates, citado neste livro por Aristóteles,
seriam homens que não conhecem a verdadeira ciência – a Verdade e
usam a razão e a inteligência para articular o falso, o interesse
particular, o que não é bom. Entre eles estão os sofistas, os
locutores, os políticos, etc.
No livro VIII e IX,
Aristóteles discorre sobre a amizade e o amor. A amizade (philia) é
uma virtude essencial e é sobre ela que repousa de algum modo a
salvação do homem ou pelo menos, a realização de sua felicidade.
A amizade poupa erros, impele a belas ações e constitui a força
maior entre os homens. O amor vai além.
No último livro da
Ética a Nicômaco ele teoriza sobre a felicidade. O exercício da
virtude pode dar-se também no prazer; todas as funções da alma
mesmo as mais elevadas podem estar ligadas ao prazer: a contemplação
pura da verdade eterna é a possibilidade de participar da
bem-aventurança divina. Entretanto, o estado supremo da felicidade
no homem não é contínuo, por isso ele se torna virtuoso e
respeitador dos valores morais e espirituais.
Este livro encerra
toda a doutrina de Aristóteles de forma bastante elaborada, de
maneira que podemos afirmar era o livro da sua Grande Moral. Junto
com seu outro livro – o da Ética a Eudemo, podemos afirmar que
Aristóteles consegue formular um tratado de Ética, unindo e
conciliando as duas tendências – a racional e a sensível.
A seguir trataremos da questão mais atual que é a Bioética, que sem o conhecimento dos caminhos da Ética é impossível ser concebida, pensada ou mesmo praticada.